Desenvolvimento da Linguagem: Dicas para os pais

A linguagem é um dos grandes enigmas que os bebés têm para resolver. Um trabalho que começa ainda antes de pronunciarem as primeiras palavras.

A comunicação que se estabelece entre um bebé, mesmo recém-nascido, e as pessoas que o rodeiam é fundamental para que, passados alguns meses, a criança comece a falar. Falar é preciso. Muito. Mesmo antes de o bebé ser capaz de emitir palavras e de lhes atribuir um significado. Neste processo, é preciso ter em conta que cada criança tem um ritmo próprio de desenvolvimento e que a idade apontada para cada fase é sempre a aproximada. Ou seja, nem todas as crianças vão dizer as primeiras palavras exactamente na mesma altura. A sucessão de fases é que é mais ou menos igual para todas. Começam a palrar e depois passam às palavras soltas, destas saltam para as palavras-frase e depois é um pulinho até às frases completas. Uma viagem que começa mais cedo do que possa pensar.

1º mês

Reage a sons, especialmente a vozes conhecidas. Assusta-se com sons fortes. Enquanto se alimenta vai dando "deixas" à mãe para observar as diferentes respostas. Por exemplo, pára de mamar e olha fixamente para a mãe.

Sugestões: Pegar-lhe ao colo e falar-lhe cara a cara. Responder às suas "deixas", falando-lhe, sorrindo-lhe ou ficando em silêncio.

Do 1º ao 4º mês

Primeiro sorriso em resposta à fala da mãe (geralmente por volta da quarta ou quinta semana). O choro torna-se mais expressivo. Reconhecimento de rostos e objectos familiares.

Sugestões: Aprender a distinguir os seus diferentes choros e responder-lhe de formas diferentes. Imitar os seus sons pode encorajá-lo a repeti-los. Encorajá-lo a sorrir e a rir.

Do 4º ao 6º mês

Reconhece e reage a sons familiares, vozes e objectos. Reage a diferentes tons de voz. Começa a juntar diversos sons quando palra: "ga", "gu". Produz sons para mostrar que está contente ou chateado.

Sugestões: Falar-lhe particularmente em resposta aos seus sons. Ele começará a ter novas experiências, a comida sólida, os brinquedos, o que dá aos pais novos temas de conversa.

Do 6º ao 9º mês

Compreende símbolos. Por exemplo, babete significa comida. Também compreende "upa" ou "o papá vem aí". Responde ao seu próprio nome e a outros nomes familiares. Levanta os braços para que lhe peguem ao colo. Tenta pronunciar algumas sílabas. Consegue imitar.

Sugestões: Falar pausadamente, dizendo-lhe palavras soltas para que ele aprenda. Continuar a brincar com os sons e a falar das brincadeiras.

Do 9º ao 12º mês

Compreende brincadeiras como deixar cair e apanhar um boneco. Compreende "dá cá" e "não". Gosta de canções e compreende a sua rotina diária. Pode dizer as primeiras palavras, provavelmente "mamã" ou "pai".

Sugestões: O discurso dos pais torna-se cada vez mais adaptado ao da criança. Outras pessoas que falem com ela vão também obter resposta.

Do 12º ao 15º mês

Aponta para imagens de coisas que conhece. Conhece partes do corpo, ouve atentamente quem fala com ele. Ri-se de coisas com piada, como expressões faciais engraçadas e quedas. Diz 2 ou 3 palavras mas continua a produzir um palavreado rápido e sem sentido.

Sugestões: Continuar a falar-lhe com palavras novas, fazer-lhe perguntas. À medida que a criança ganha mais mobilidade vão surgindo cada vez mais "nãos". As conversas vão ter cada vez mais referências a acontecimentos reais.

Do 15º ao 20º mês

Reconhece muitos objectos e imagens de objectos. Consegue antecipar o futuro. Começa a compreender "em", "onde", "me". Compreende coisas e acontecimentos da sua vida diária. O seu vocabulário já inclui 6 a 8 palavras. Pergunta por coisas com uma entoação interrogativa, imitando os pais.

Sugestão: Falar, falar, falar.

Do 20º ao 24º mês

Compreende longas frases, reconhece inúmeros objectos e imagens. Consegue combinar objectos familiares. Compreende "mais", "aqui" e "agora". Aprecia e segue pequenas histórias. O seu vocabulário é diariamente acrescentado e pode incluir 30 a 60 ou 70 palavras. Agrupa-as em pares de modo a produzir palavras-frases.

Sugestão: Nesta altura os pais têm muito para escutar. Terão também que interpretar muitas palavras para outras pessoas.

Do 24º ao 30º mês

Maior compreensão de conceitos como "grande", "pequeno", "um", "muitos". Consegue passar uma mensagem. Gosta de histórias e lembra-se de pormenores. Se lhe pedirem sabe nomear as imagens, define onde as coisas estão: "em", "de baixo", "fora", etc. Começa a compreender as relações de causa e efeito. O vocabulário começa a ser impossível de contabilizar: 200 a 400 palavras, muitas delas em curtas frases. Utiliza verbos, plurais e faz perguntas com as palavras "onde", "o quê", etc.

Sugestão: A conversa é agora muito mais equilibrada. A criança já não é um aprendiz da linguagem, mas sim um parceiro de conversa. Os pais podem raciocinar com a criança explicando-lhe razões e processos. Nesta altura ela até já consegue seguir a intriga de uma história ou um programa televisivo com a ajuda dos pais.

Do 30º ao 40º mês

Compreende as diferenças de tamanhos, lembra-se de acontecimentos e consegue falar deles. Reconhece e corrige imprecisões em histórias ou mensagens. Sabe antecipar e verbalizar o que vai fazer a seguir. Consegue memorizar rimas e brincadeiras.

Sugestão: Os pais já não são as principais pessoas com quem falar. A criança explica coisas a qualquer pessoa e fala com as outras crianças. Ela já é uma pessoa com quem se pode conversar.